Está tão bom lá fora. Aquela brisa tocando as folhas das árvores. O movimento dos carros. O barulho das conversas paralelas. Como eu queria estar lá. Só pude sentir e ver tudo isso por esta janela intransponível. Estou aqui na minha redoma de vidro. Cercado de obstáculos. Ilhado, como um náufrago. Sem poder sair. Meu único mundo exterior é o que eu posso imaginar o que está acontecendo la fora. E tento ao máximo lembrar como sair disso. Mas minha fraqueza, não me ajuda. Como é ruim ser uma pessoa que está enraizada num mundo irreal. Este mundo que eu jamais quis, e que se atrelou aos meus conceitos. Que me fez preso. Preso este, que está condenado a viver o resto da vida enjaulado, mas que um dia poderá retomar a liberdade, como premiação por acreditar que poderá sair. Poderei conseguir sentir o aroma das flores e a brisa tocando em meu rosto. Só tenho medo que isso demore muito e não aguentar esperar. Pois estou doente de espírito, amor e afeto. E essa doença corrói tão rápido. Tenho tudo aqui e ao mesmo tempo nada.
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